Apreensão de R$ 50 milhões em produtos ilegais revela esquema de contrabando e sonegação; veja como funcionava
07/11/2025
(Foto: Reprodução) Prédio no Centro de BH era usado como depósito de mercadorias ilegais
Desde a última semana, agentes da Receita Federal trabalham para esvaziar um prédio comercial de 19 andares, localizado na Rua Rio de Janeiro, no Hipercentro de Belo Horizonte, que funcionava como galpão vertical de produtos irregulares. A operação que apreendeu as mercadorias revelou um esquema de fraudes em importações.
O imóvel foi o alvo da maior apreensão de mercadorias ilegais já registrada em Minas Gerais, avaliada em R$ 50 milhões, realizada durante a Operação Desbordo, deflagrada na semana passada pelas Receitas Federal e Estadual, em conjunto com as polícias Federal e Militar.
As empresas envolvidas na fraude declaravam importações de produtos sem marca ou de baixo valor, mas, na prática, eram itens falsificados de marcas conhecidas ou com preços muito acima do declarado.
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Um dos exemplos citados pelos fiscais mostra o padrão da irregularidade: uma empresa declarava a compra de sombrinhas a US$ 0,20, quando o valor real era dez vezes maior. Em outros casos, informavam importar cem unidades, mas a Receita encontrava mil produtos na carga.
Segundo a investigação, o objetivo era reduzir o valor de impostos e disfarçar o contrabando, burlando os sistemas de controle de importação.
RELEMBRE: Operação contra grupo que articula comércio ilegal no Centro de BH estima prejuízo de R$ 50 milhões
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Relação com o crime organizado
O auditor da Receita Federal Mário Dehon explicou que o esquema faz parte de uma cadeia muito maior, ligada ao crime organizado.
"Esse trabalho dá para mostrar ou demonstrar que os vendedores ambulantes são uma pequena peça de uma grande engrenagem que envolve o crime organizado, grandes contrabandistas e esse volume de mercadorias. Temos que destacar: é um prédio de 19 andares, cada um com 200 metros quadrados, abarrotados de mercadorias descaminhadas ou contrabandeadas. Foi um trabalho ultracomplexo de inteligência e de conexão de informações", afirmou.
As equipes encontraram cerca de R$ 50 milhões em mercadorias sem nota fiscal, falsificadas ou de origem não comprovada, vindas, em sua maioria, da China. Entre os itens apreendidos estavam drones, ventiladores, eletrônicos e outros produtos de marcas licenciadas adulteradas.
Segundo a Receita, o prédio, que parecia abandonado, sem lojas nem circulação de clientes, era utilizado como um depósito vertical para o armazenamento e distribuição das mercadorias que abasteciam o comércio popular de Belo Horizonte.
As investigações começaram após agentes observarem movimentação intensa de caminhões descarregando produtos no local.
Depósitos cheios e esvaziamento em andamento
De acordo com a Receita Federal, seis depósitos oficiais estão sendo usados para armazenar o material apreendido. Parte dos produtos foi retirada pelas escadas, já que os elevadores do edifício estavam inoperantes e precisaram de reparos emergenciais para auxiliar no transporte da carga.
"A nossa previsão é gastar dez dias para o completo esvaziamento do prédio. Tivemos que disponibilizar outros endereços públicos para guardar as mercadorias, e todas as medidas de segurança, inclusive contra incêndio, estão sendo adotadas", complementou Dehon.
Produtos localizados no depósito.
TV Globo
Destino das mercadorias
As mercadorias apreendidas podem ter quatro destinos: destruição, quando estiverem vencidas ou sem qualidade comprovada; incorporação ao patrimônio público; leilão, com a arrecadação destinada à União; ou doação a instituições sem fins lucrativos.
Um dos exemplos é o da agente comunitária Andrea Pereira, que atua em uma creche de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, atendendo mais de 200 crianças. Ela recebeu eletrônicos apreendidos em operações anteriores.
"Ah, eu vejo como algo justo. Se tá irregular e apreende e faz a devolução para a população, eu acho justo. Eu vou ser sincera com vocês: eu nem dormi, eu já queria estar aqui às 8h na porta", afirmou a agente.
Mercadorias apreendidas.
TV Globo
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