Represa João Penido opera com menos de 40% da capacidade; veja o que diz Cesama e especialistas

  • 27/11/2025
(Foto: Reprodução)
Represa João Penido, em Juiz de Fora, está com nível de água em 39% O nível da Represa Doutor João Penido, em Juiz de Fora, atingiu, na segunda-feira (24), 35,3% da capacidade, o menor volume do ano. No mesmo dia do ano passado, o percentual era de 70,6%. No último sábado (22), um vídeo gravado pelo empresário Juan Henrique Guimarães registrou a situação. Veja as imagens acima. Ao g1, ele disse que visita a região com frequência e que a situação está incomum. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Zona da Mata no WhatsApp O manancial é um dos três que compõem o sistema de abastecimento da cidade. Além dele, são utilizados os reservatórios de São Pedro e de Chapéu D’uvas. Entenda mais abaixo. Na segunda-feira, esses dois reservatórios apresentavam praticamente os mesmos níveis em comparação a novembro do ano passado. Confira no gráfico: https://public.flourish.studio/visualisation/26472468 🧾 O que diz a Cesama Segundo a Cesama, apesar da Represa João Penido estar com o percentual baixo, não há preocupação no momento, tendo em vista a aproximação do período chuvoso. “Ressaltamos que o sistema de abastecimento de Juiz de Fora, hoje, possui grande flexibilidade operacional”, explicou a companhia. “Isso permite, por exemplo, que a água da Represa de Chapéu d'Uvas, hoje, seja tratada tanto na Estação de Tratamento de Água (ETA) Walfrido Machado Mendonça, no Distrito Industrial, quanto na ETA Marechal Castelo Branco, do sistema da Represa Dr. João Penido". Represa Doutor João Penido em Juiz de Fora Juan Henrique Guimarães “Lembrando que a Represa de Chapéu D'Uvas tem volume de acumulação 11 vezes maior que a João Penido e, atualmente, está com nível satisfatório”, completou a companhia que, mesmo sem considerar um cenário crítico na cidade, reforça a necessidade do uso racional da água pela população. 🚰 Entenda o sistema de abastecimento Em Juiz de Fora, são utilizadas águas das três represas para o abastecimento público: João Penido, Chapéu D’Uvas e São Pedro: Chapéu D’uvas: situada a 50 quilômetros da nascente do Rio Paraibuna, a barragem chega a ter 12 km² de espelho d'água, profundidade máxima de 41 metros e um volume de 146 milhões de metros cúbicos - 11 vezes maior que o volume da João Penido. A adutora tem capacidade de adicionar até 900 litros de água por segundo ao sistema da cidade e, atualmente, é responsável pelo abastecimento de cerca de 40% do município, segundo a Cesama; João Penido: está a 10 km de distância da cidade, com aproximadamente 7,25 km de comprimento máximo por 1,7 km de largura. Pode ter até 68 km², com volume armazenado de aproximadamente 16 bilhões de litros. A vazão regularizada da represa possui capacidade para até 800 litros por segundo. Atualmente, abastece cerca 50% da cidade; São Pedro: é o menor manancial e abastece apenas 8% do município, principalmente bairros da Cidade Alta, onde está localizada. Tem 200 metros de comprimento e 5 metros de altura. A Estação de Tratamento de Água (ETA) instalada no local produz cerca de 120 litros de água por segundo, variando de acordo com o nível da represa. No período da seca, costuma chegar a percentuais menores de capacidade, quando a vazão é muito reduzida. Como Rio Paraibuna deixou de ser o 'point' de diversão em Juiz de Fora após aumento da poluição 🌧 Menos chuva e agravantes ambientais Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram que o volume de chuva nos últimos meses está menor do que o mesmo período do ano passado em Juiz de Fora. Neste mês de novembro, por exemplo, o acumulado foi de 115 milímetros na cidade - até o dia 25, enquanto em 2024 o total de chuva no mês foi de 244 milímetros. Em outubro, a diferença foi ainda maior: foram apenas 21,4 milímetros neste ano, quando, em 2024, choveu 224,6 milímetros. O cenário extremamente seco para o mês, inclusive, foi o pior dos últimos 39 anos no município. Veja no gráfico abaixo: https://public.flourish.studio/visualisation/26472768/ Para a meteorologista do Inmet, Anete Fernandes, as chuvas vêm ocorrendo de forma irregular e ainda mal distribuídas. Além disso, há um atraso no início da estação chuvosa em relação a anos anteriores. “Por enquanto continuamos com irregularidade, já que as instabilidades estão atuando mais sobre o centro-sul da Bahia. Talvez em dezembro haja normalização nas chuvas. O período chuvoso chegou em novembro, porém com chuvas irregulares em todo o estado”, avaliou ela, projetando também o cenário para o próximo mês. Já para o professor da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e líder do Núcleo de Análise Geo Ambiental (Nagea) Cezar Henrique Barra Rocha, a questão passa também por impactos ambientais provenientes de construções e loteamentos, que aumentam o assoreamento. "Repare que não tem quase nenhuma mata ciliar nas margens da represa. Ela que evita o transporte de sedimentos que causa assoreamento. São muitas construções e loteamentos na faixa que era para ter mata. Ela está sofrendo com assoreamento e muito esgoto das propriedades", explicou. "Infelizmente é um processo que está acontecendo nas represas e mais agressivamente na Represa João Penido. É muita falta de cultura ambiental de todas as pessoas envolvidas", completou. Prefeitura cita dificuldade de fiscalização Questionada, a Prefeitura informou que realiza ações regulares de fiscalização ambiental na região. Em 2025, foram 159 atendimentos no local, que resultaram em 8 notificações ambientais, 8 autos de infração ambiental e 8 autos de suspensão de atividades. Segundo a Prefeitura, há 'desafios práticos', como a dificuldade de localização precisa dos imóveis e dos responsáveis, alguns deles que só comparecem à área em horários de lazer. "Por isso, as fiscalizações têm ocorrido também aos fins de semana e em períodos alternativos, para garantir que todos os casos sejam verificados". LEIA TAMBÉM: Águas das represas que abastecem Juiz de Fora são classificadas como 'ruins' ou 'péssimas' Juiz de Fora sobe 3 posições em ranking de saneamento, mas segue com um dos piores tratamentos de esgoto do Brasil ASSISTA TAMBÉM: Juiz de Fora registra outubro mais seco em 39 anos Juiz de Fora registra outubro mais seco em 39 anos VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes| em G1 / MG / Zona da Mata

FONTE: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2025/11/27/represa-joao-penido-opera-com-menos-de-40percent-da-capacidade-veja-o-que-diz-cesama-e-especialistas.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

Anunciantes