Três animais morrem infectados por raiva em Juiz de Fora
01/08/2025
(Foto: Reprodução) Focos de morcegos foram encontrados próximos à propriedade em Juiz de Fora
Rodrigo Souza/TV Integração
Três casos recentes de raiva em animais são investigados em Juiz de Fora . Trata-se de bovinos que morreram entre o final de maio e o início de junho, na área urbana da cidade.
Conforme o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que fez a notificação à Prefeitura de Juiz de Fora e à Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG), os diagnósticos foram confirmados por meio de exames realizados no Laboratório de Saúde Animal, em Belo Horizonte.
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Durante as investigações, já em julho, os técnicos do IMA descobriram que a doença foi transmitida por morcegos hematófagos — conhecidos popularmente como morcegos-vampiros — próximos ao local onde os animais estavam. Por segurança, o nome da região não pode ser divulgado.
“Inicialmente, foram identificados 20 morcegos em uma lareira, que formavam uma colônia do tipo maternidade (composta, em sua maioria, por fêmeas). No dia 24 de julho, sete delas foram capturadas, e outras sete, no dia 30. Para controle da população, o IMA aplica uma pasta vampiricida nos morcegos capturados", explicou o fiscal do Instituto, Luciano Puga.
🔎 Esses morcegos são os principais vetores do vírus causador da raiva. A saliva de um vampiro infectado pode transmitir o vírus e causar a doença em mamíferos não vacinados ao se alimentar do sangue desses animais, especialmente em espécies de grande porte, como bovinos e equinos.
Em nota, a Prefeitura de Juiz de Fora afirmou que todas as medidas de responsabilidade do município foram implementadas, incluindo o bloqueio de um raio de 500 metros, a vacinação de cães e gatos na região da ocorrência, além de orientação à população e monitoramento das pessoas que tiveram contato com os bovinos.
Embora o IMA tenha informado à reportagem que fez a notificação à Secretaria de Estado de Saúde, a pasta estadual disse em nota que ainda não havia recebido registro sobre o foco da doença. No entanto, confirmou a morte de três bovinos — um em maio e outro em junho — além da morte de um equino em maio. Veja, ao final da reportagem, as notas na íntegra.
'Não queria se alimentar'
Na última quarta-feira (30), a reportagem da TV Integração esteve em uma das propriedades onde um bezerro de três meses morreu com diagnóstico de raiva.
O animal estava sob os cuidados do caseiro Edson Luiz Ribeiro, que percebeu alterações no comportamento. Ele não resistiu e morreu cerca de quatro dias após o surgimento dos sintomas.
“Me chamou a atenção porque ele já não queria mais mamar nem se alimentar. Senti que havia algo errado. Aí procurei a veterinária para saber o que poderia ser”, contou Edson.
O bezerro não havia sido vacinado contra a raiva. Após o caso, Edson foi imunizado como medida preventiva, e outros animais da propriedade também receberam a vacina.
Em uma casa vizinha, três bovinos apresentaram sintomas da doença e morreram. Em dois deles, o diagnóstico de raiva foi confirmado.
Casos esporádicos não indicam surto, alerta IMA
Morcegos hematófagos, popularmente conhecidos como 'morcegos-vampiros'
Luciano Puga/IMA
Luciano Puga, fiscal do IMA, reforçou que os casos não configuram um surto da doença.
“Casos esporádicos de raiva acontecem em Minas Gerais. A Zona da Mata, principalmente, sempre apresentou ocorrência da doença, pois há morcegos hematófagos e o vírus circula na região. Por isso, a vacinação dos animais, que deve ser feita pelos criadores, assim como o controle dos morcegos-vampiros, é fundamental para prevenir a raiva”, explicou.
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O que é a raiva?
Entenda como o vírus da raiva age no corpo humano
🔎 A raiva é uma doença causada pelo vírus Lyssavirus, da família Rhabdoviridae.
Como ele age? O vírus causador da raiva ataca o sistema nervoso central, provocando uma encefalite — uma inflamação cerebral que gera inchaço.
Quem pode transmitir? Cachorros, gato, vaca, cavalo, coelho, morcegos, etc.
Formas de prevenção
Existem algumas formas de prevenir a raiva. Uma delas é a vacina antirrábica. Outras formas são:
Vacinação dos animais de estimação;
Evitar contato com animais que você não conhece;
Nunca tocar em animais silvestres;
Prevenir que morcegos entrem nas casas.
*Pessoas que entrarem em contato com a saliva de animais doentes ou mortos, apresentando sinais neurológicos, precisam procurar atendimento médico para tratamento pós-exposição à raiva.
Importância da vacinação
O IMA reforça que bovinos e equinos precisam ser vacinados anualmente contra a raiva. Em caso de suspeita de doença neurológica com morte de animais, é necessário informar imediatamente para coleta de material e exame da raiva.
Notas na íntegra
Prefeitura de Juiz de Fora
"A Secretaria de Saúde informa que todas as medidas que competem ao município foram devidamente implementadas, incluindo bloqueio de foco em um raio de 500 metros, vacinação de cães e gatos na região da ocorrência, orientação à população e monitoramento das pessoas que tiveram contato com os animais bovinos. Todos encontram-se bem. Além do caso registrado, não há informações ou notificações de ocorrências em outros bairros do município. Cabe ressaltar que a vigilância e as medidas relacionadas a animais de grande porte, como equínos e bovinos, são de responsabilidade do IMA, sendo de competência municipal a vigilância de animais de pequeno porte, como cães e gatos".
Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais
"A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG), por meio da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Juiz de Fora, informa que não foi notificada sobre foco de “morcegos vampiros” transmissores da raiva em perímetro urbano, em Juiz de Fora. No município de Juiz de Fora, no ano de 2025, até o momento, foram positivados 3 bovinos (1 em maio e 2 em junho) e 1 equino (maio). Nos casos dos “morcegos vampiros” – também conhecidos como morcegos hematófagos –, a atuação compete ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). É de competência da Saúde Pública o monitoramento/bloqueio de morcegos suspeitos de estarem infectados pelo vírus da raiva encontrados, vivos ou mortos, em residências ou em outras edificações (nas dependências internas ou externas) ou em vias públicas, com ou sem sintomatologia neurológica, em horários e locais não habituais. Nos casos notificados para a raiva, a execução das ações é de responsabilidade das secretarias municipais de saúde, através da equipe de controle de zoonoses. Para frear o avanço da raiva, há o Programa de Profilaxia da Raiva no Brasil que envolve ações de prevenção e controle da doença em humanos e animais, com foco na vacinação e na vigilância epidemiológica. As principais ações incluem a vacinação antirrábica de cães e gatos, a administração de vacina e soro antirrábico em humanos após exposição ao vírus, e a notificação e investigação de casos suspeitos de raiva".
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